RENOVAÇÃO CARISMÁTICA NAS IGREJAS HISTÓRICAS
O Texto abaixo é a transcrição da conferência que ofereci durante o Congresso de Pneumatologia do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro. Sua linguagem coloquial e repetitiva, em alguns momentos, dá-se pela tentativa de um tom mais informal.
O meu nome é Fernando Nascimento, eu sou casado com a Vanessa, pai do Rafael, da Maria Fernanda, da Maria Isabela, do Daniel, da Maria Cecília, da Maria Elena e da Maria Clara; sou Diretor do Centro de Estudos Sobre a Rocha de Pedro. Sou Formado em Artes Liberais no College of Classical Humanities dos Legionários de Cristo, nos Estados Unidos. Estudei filosofia no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma.
Abordarei o tema da Renovação Carismática nas Igrejas Históricas e, de cara, eu preciso fazer algumas afirmações:
- Não! A Renovação Carismática não é uma realidade isolada, existente apenas na Igreja Católica (aliás, a Igreja Católica foi praticamente a última tradição cristã a receber a Renovação Carismática);
- O que são as Igrejas Históricas? Nós usamos o termo Igrejas Históricas para distinguir a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa e as primeiras confissões nascidas da Reforma Protestante (Luteranos, Anglicanos, Episcopais, Presbiterianos, Metodistas, Batistas, Menonitas e outras) das Igrejas nascidas a partir do Pentecostalismo (Assembleia de Deus, Congregação Cristã, etc.);
- Alguns, de modo bastante superficial, chamam a Renovação Carismática Católica de infiltração protestante no catolicismo. Um dos meus compromissos nessa palestra é responder a esta acusação.
Para falarmos sobre a Renovação Carismática nas Igrejas Históricas nós precisamos definir o que é a Renovação Carismática. Os Estatutos dos Serviços Internacionais para a Renovação Carismática Católica – CHARIS (serviço erigido pela Santa Sé) afirmam que a Renovação Carismática é parte de uma corrente de graça ecumênica. Ao afirmar isso, a Santa Sé faz referência direta a uma “graça de renovação” pré-existente ao Movimento Carismática Católica do qual ele faz parte.
E que “corrente de graça” é essa? Quais são as suas características?
A corrente de graça à qual a Santa Sé faz referência nos Estatutos caracterizou-se por uma grande efervescência espiritual que pôs em evidência a “dimensão carismática da Igreja de Cristo”, da Comunidade dos legitimamente batizados. Dentre as diversas características, duas são como que o coração desta corrente de graça e constituem um binômio:
- Em primeiro lugar, está Uma Experiência de Deus “Crítica” e “de sentido” , como afirmou o Padre Heribert Mühlen na Obra “Fé Cristã Renovada”, que foi recebendo vários nomes com o passar do tempo: Santo Inácio de Loyola chamou de “segunda conversão”, Santa Teresa D’Ávila chamou de segunda ou terceira morada, John Fletcher chamou de Batismo no Espírito Santo, o Movimento de Santidade chamou de “segunda benção” (distinguindo da “primeira benção” que seria a “conversão para a salvação”). Nas Renovações Carismáticas firmou-se o termo Batismo no Espírito Santo, embora também se empregue o termo “efusão do Espírito Santo”, entre outros. Experiência “crítica” no sentido etimológico da palavra: gera uma mudança total de mentalidade. Experiência “de sentido” enquanto imprime uma nova perspectiva pela qual viver a partir dali.
- A segunda parte deste binômio, como consequência dessa experiência de Deus, é caracterizada pela evidência dos “charismata” em larga escala, manifestando-se não apenas na esfera privada – algo que nunca cessou na história bimilenar da Igreja – mas, agora, em Assembleias inteiras e de modo corrente (não eventual e esporádico).
A manifestação dos Carismas em assembleias inteiras é vista esporadicamente durante o Movimento Monástico (quando monges missionários levam a fé aos Bárbaros) e durante o Movimento Mendicante. Na esfera privada, porém, nunca cessaram de se manifestar. Nas Igreja Históricas Protestantes se fala de manifestações em assembleias inteiras, de modo esporádico, entre os Morávios e durante o Movimento de Santidade com os chamados “Grandes Despertamentos” – o primeiro ocorrido entre 1726 e 1750 e o segundo entre 1800 e 1840. Embora tenham acontecido em assembleias inteiras, foram manifestações esporádicas. A partir do Movimento Pentecostal, porém, as manifestações carismáticas se tornaram correntes e parte da “liturgia pública”. (CONTINUA)
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