ENSINO RELIGIOSO Acre

  Leia trecho inédito da biografia de João Gilberto escrita por Zuza Homem de Mello Livro deixado pronto pelos pesquisador poucos dias antes de morrer está previsto para ser lançado pela Companhia das Letras no segundo semestre de 2021 Julio Maria - O Estado de S.Paulo 22 de dezembro de 2020 | 07h00 Ele tinha 26 anos quando seguia em seu Dodge 1951 pela Rua Manoel da Nóbrega sentido Ibirapuera. Sabe-se que o carro era verde e branco estilo saia e blusa, metade verde e metade branco, e só. Era 1959 e  Zuza Homem de Mello  passaria a vida sem se lembrar bem de onde vinha nem exatamente para onde ia naquela tarde, antes que a voz de  João Gilberto  saísse do rádio do Dodge para alvejá-lo com uma força que talvez só  Ella Fitzgerald  e  Duke Ellington  possuíssem e o obrigasse a estacionar para respirar. João chegava para não partir mais, instalando-se no interior de Zuza pelos próximos 60 anos. E Zuza deixava-se atropelar para traduzi-lo, desbravando a caixa de ressonância daquele viol

    As religiões nunca acontecem, em sua história, num espaço vazio. Há múltiplas relações no contexto onde se desenvolvem. No Brasil, por exemplo, as religiões indígenas foram reprimidas e consideradas primitivas por causa da influência negativa dos colonizadores, que achavam que deveriam forçar os índios a se converter ao cristianismo. E ocorreu o mesmo com os negros trazidos da África, que queriam manter suas tradições religiosas, mas também eram forçados a abandoná-las. Pois a religião indígena reafirma a tradição dos ancestrais, desenvolve um sistema de curas, por meio de ervas naturais e respeita o meio ambiente porque, para eles, tudo na floresta tem um espírito de vida. E quanto aos negros escravizados, desenvolveram uma religião de resistência, que socorreu-os no pior período de suas vidas e que, do mesmo modo que os indígenas, reafirma a necessidade de preservação da floresta, rios, bosques e cachoeiras, para eles considerados lugares sagrados de seus rituais.