Sugestão de abordagem da segunda habilidade do 1o bimestre do 6o ano

Reconhecimento de que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras diversas.


    Novamente aplicando a subdivisão em três partes, teremos: 1. Processo cognitivo: Reconhecer; Objeto de conhecimento: textos escritos; 3. Contexto de aplicação: maneira diversa diversa do uso pelas tradições religiosas.
 
    A abordagem dos textos escritos, quando se trata de religiões de tradição escrita, é fundamental para conhecê-las, bem como compreender esses textos e o modo como é encarado por elas.

    Por exemplo, constitui-se num erro clássico, por vezes muito comum, confundir a doutrina do texto, e o modo como uma dada religião o encara, como um padrão para toda a sociedade. Normas, doutrinas ou princípios éticos específicos de uma religião valem para seus adeptos, e não para modelo social genérico.

      O Estado é laico. Dele todos nós somos membros. Cada um tem ou não tem uma religião. O Estado acolhe a todas. Mas nenhuma religião pode ter a pretensão de estabelecer normas válidas para a sociedade como um todo. Essa confusão tem sido raiz de conflitos e manifestações de intolerância.

     Outro exemplo que erro muito comum é quando ocorre desrespeito em relação ao que uma dada religião considera como sagrado. Como ocorreu em 2015, quando a revista francesa Charlie Hebdo foi atacada por terroristas, porque havia publicado charges ridicularizando Maomé.

    Mais do que evidente: é totalmente reprovável ataques terroristas de qualquer natureza. Mas é questionável também até onde a liberdade de imprensa se justifica ridicularizando um líder ou qualquer aspecto que, para uma dada religião, é sagrado.

     Outro fato é quando, em relação a dadas religiões, há uma permissividade maior para se focar de modo ridículo, enquanto que, para outras, se na mesma medida houvesse críticas, motejo e desrespeito, ocorreria, nesse caso, uma defesa imediata, veemente e, às vezes, até desproporcional.

    Mais um fator com o qual se deve cultivar o respeito e o cuidado é com relação aos objetos de culto, aos rituais, modelos de celebrações, cerimônias e cultos das diversas religiões. Não se deve referir-se aos objetos de culto e reverência das religiões por um modo que seja ofensivo aos adeptos dessa mesma religião. Esse deve ser o padrão.

    Procure saber como aquele fiel ou adepto daquela religião compreende e entende seu modelo de culto e como se refere àquele ente ou ser ao qual considera seu transcendente ou sagrado. Por isso que a charge da revista francesa foi ofensiva, porque jamais um muçulmano ficaria satisfeito com a postura de desrespeito provocada em relação ao seu guia e profeta.

    Portanto, o reconhecimento dos textos das religiões de tradição escrita, em suas linhas gerais, permite compreender o modo como essas mesmas religiões encaram suas doutrinas, praticam seus cultos, ordenam seus rituais e vivenciam suas celebrações.

    Sem esquecer das religiões que, sem tradição escrita, são dignas do mesmo respeito, mas somente terão esse mesmo respaldo de conhecimento, por meio de pesquisa mais acurada e cuidadosa, junto a seus resprentantes autorizados, visto não possuírem, por escrito, textos tradicionados, sendo apenas portadores de tradições orais.

     Por exemplo, por modo respeitoso, é possível solicitar a um representante autorizado do Daime uma pesquisa em seus cancioneiros, para conhecer o modo como são utilizados e os conceitos que seus hinos transmitem. Mas, por outro lado, para se conhecer esse mesmo valor nas religiões indígenas, será necessário uma pesquisa por entrevista oral, e com um líder religioso que fale o português.

     Para estudo dos textos, será necessário ao professor buscar referenciais em fontes autorizadas. Também ter o cuidado para que, por ser ele mesmo adepto de uma religião, não privilegiar, em sua abordagem, somente a sua própria religião e o texto ou tradição oral dela.

     O trato equilibrado dos textos e tradições orais das variadas religiões são um importante e neutro referencial, no sentido de expressão do que cada tradição religiosa acolhe como referencial para si mesma.

     Ensinar e orientar os alunos a como pesquisar esses textos e tradições, como prepará-los, de modo respeitoso, a encará-los, é de grande valor para estabelecer o modo correto e respeitoso de tratar-se a diversidade religiosa.

     

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