Sugestões de abordagem - 8o ano - 2o bimestre

(ER0802) - Espiritualidade
(ER080201) - As características dos mistérios nos diversos textos religiosos.
(ER080202) - O modo como é narrado o mistério da vida nos textos sagrados.

       A primeira observação é não implicar com o sentido ou uso da palavra "mistério" aqui. Foi usado esse termo, porque a pergunta "de onde viemos, quem somos e para onde vamos?", que costuma ser usada de modo comum quando se aborda religião, refere-se à vida como um mistério. 
      Para o qual a ciência ainda não tem todas as respostas e que, de um modo geral, as religiões pretendem esclarecer. Por isso as respostas apresentadas pelas religiões, sejam nos textos ou nas tradições orais, são entendidas como se fossem mistérios por elas, agora, revelados.
      Atentar, como já mencionamos nas orientações do 1o bimestre, que "Espiritualidade" aparece aqui não como, propriamente, conteúdo, mas Unidade Temática dentro da qual vamos abordar "mistérios" e "mistério da vida". 
        A seguir vamos dar uma olhada no Objetivo (Capacidade) ao lado, cuja função é detalhar o enfoque do Conteúdo aqui apresentado.

          OBJETIVO (CAPACIDADE):
1. "Oportunizar o desenvolvimento da consciência crítica desvinculada do fanatismo religioso e voltada para a livre expressão da fé".
      Observem duas expressões-chave que ajudam na delimitação desse conteúdo um tanto subjetivo, por causa da palavra "mistério".
      Essas expressões são: (1) "consciência crítica" e (2) "fanatismo religioso". A primeira, indica que, com relação a toda e qualquer religião há crenças que não podem ser comprovadas pela ciência. Mas isso não diminui nenhuma religião, assim como indica que deve ser desenvolvida uma consciência amadurecida e treinada contra o fanatismo. 
       Ciência e Religião não são incompatíveis, porque cada uma tem objetos diferentes de estudo. Por exemplo, sobre a origem da vida, há descobertas científicas que confirmam certas verdades. Mas a própria ciência não conhece ainda tudo sobre esse campo de estudo. 
      Por isso ela desenvolve teorias, por meio de hipóteses, algumas já comprovadas e outras ainda não. Já  a religião tem a fé como seu objeto. Portanto, o que ela aceita tem relação subjetiva e não pode ser cientificamente comprovado. 
      Daí ser mencionado aqui o desenvolvimento de uma capacidade crítica no aluno. Não significa interferir no que uma dada religião crê, mas no desenvolvimento de uma maturidade relacionada (1) ao desenvolvimento da pessoa em si, (2) ao modo como entende a sua religião e a do outro e (3) o modo como avanços, tanto no campo da compreensão do fenômeno religioso, quanto no campo dos avanços científicos reafirmam minha própria consciência crítica. 
       E se vamos equiparar "consciência crítica" e "fanatismo religioso", há chance de uma educação tanto para compreender avanços na abordagem em si das religiões, quanto avanços no desenvolvimento da humanidade, que permitem resolver, de modo pacífico, aparentes contradições. 
      Por exemplo, foi um erro condicionado pelas limitações da humanidade, naquela época, séc. XVI, acusar Copérnico de heresia porque tentou provar que a terra é que girava em torno do sol e não o contrário. 
      Assim como povos antigos interpretarem o eclipse solar ou lunar como algo negativo ou relacionado ao mal. Podemos aplicar esse equilíbrio entre "consciência crítica" e "fanatismo religioso" a situações atuais, sempre procurando ser cuidadosos, sabendo que certas crenças que eu não acolho ou, para mim, parecem desprovidas de lógica, outras pessoas podem aceitar.
       Devo procurar compreender o ponto de vista daquela religião, sempre respeitando o direito à diversidade de ideias, porém também preservando o meu direito de crer diferente.  E nisso deve haver reciprocidade. 

2. "Possibilitar a pesquisa para que o aluno descubra nos textos sagrados como e onde está narrado o mistério da vida".
     Prestem atenção: o fato de ser mencionado nessa capacidade a ser desenvolvida no aluno "textos sagrados" é para que ele entenda que há religiões que baseiam suas doutrinas e conhecimentos em livros que consideram sagrados, ou seja, escritos especificamente para tradicionar a história de sua religião. 
      Assim como há religiões que não possuem tradições escritas, porque por meio de tradições orais é que seus conhecimentos e doutrinas chegaram aos dias de hoje e continuarão a ser tradicionados. 
      Quanto ao "mistério da vida", a palavra "mistério", aqui, deve também ser associada a valor. Podemos não saber exatamente como surgiu, em todos os detalhes, a vida mas todos reconhecemos o seu valor e a necessidade de que seja preservada.
     Podemos, então, como orientação para essa capacidade, enfocar como os textos sagrados de variadas religiões e como tradições orais de outras mais valorizam a vida. Textos e tradições orais considerados sagrados e sagradas têm seu valor quando e do modo como ensinam o valor da vida e de tudo o que contribuiu para a sua preservação. 
      Aqui várias atividades e abordagens poderão ser desenvolvidas e aplicadas em sala de aula de modo a conduzir o aluno a perceber de que modo a vida deve ser protegida, valorizada e preservada. Nenhum valor existe acima deste. E todos os que existem devem estar subordinados a esse valor maior.

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