Função política das ideologias religiosas.

     No 9o ano, segundo bimestre, aparece essa descrição na seção "tópicos curriculares" do Plano de Curso de Ensino Religioso. 

    Em nossa Formação de 28/29 de março, quinta e sexta passadas, uma de nossas colegas perguntou sobre a melhor maneira de abordar esse assunto. 

     Tecemos, com a turma, alguns comentários. Mas é sempre bom refletirmos, sempre em busca de uma compreensão ampla, que facilite o aprendizado, assim como evite problemas desnecessários em sua abordagem.

     Segue, então, uma sugestão que pode ajudar aos colegas, assim como pressupor uma amplitude fácil de se deduzir e aplicar a nossa realidade. 

     Sugerimos, então, a seguir alguns procedimentos de abordagem CONCEITUAL, primeiramente, para depois propor atividades que enfoquem esse conteúdo também como ATITUDINAL, visando mudança de postura dos alunos . 

SUGESTÃO DE ABORDAGEM:

1. Verificar que definição, conceitos e opiniões os alunos têm sobre religião e ideologia.  Que semelhanças e que diferenças há entre elas?

2. Após confirmar esses conceitos, ou seja, o que é religião e o que é ideologia,  passar a apresentar em que sentido, nos seus aspectos positivos, religião e ideologia prestam serviços à sociedade. 

3. Destacar que, em função de suas especificidades, o papel das ideologias será diferente do papel das religiões, mas ambas devem prestar à sociedade um serviço necessário, sem que a sociedade abra mão de nenhuma das duas.

4. Porém demonstrar aos alunos que, se uma invade o espaço da outra, haverá conflito, porque nessa espécie de invasão, muito provavelmente, ocorrerá uso indevido e manipulação.

5. Por exemplo, se por meio de pura propaganda, para influenciar de modo negativo e conquistar adeptos, a ideologia usar a religião para propósitos de manipulação, está ocorrendo um uso indevido de estratégia ideológica: passou a prestar um desserviço e não um serviço à sociedade. 

6. Do mesmo modo, se uma dada religião faz uso de propaganda ideológica, abertamente adere a uma qualquer ideologia ou mesmo essa religião passa a desejar controle social, poder político, ela está fugindo de sua função e de seu propósito: passou a prestar um desserviço e não um serviço à sociedade. 

7. Pronto. Achamos que por esse  caminho de raciocínio, não entramos (e não precisamos entrar) em exemplos específicos que, em função da familiaridade do aluno com alguma religião ou ideologia, dele ou de seus pais, poderiam melindrar.

8. Assim:

       8.1 - Definimos "religião" e "ideologia";
       8.2 - Esclarecemos seus pontos específicos de atuação no contexto social;
      8.3 - Destacamos o serviço e função social positivos que tanto uma, quanto outra, em qualquer tipo de sociedade, podem apresentar e oferecer;
         8.4 - Indicamos pontualmente alguns aspectos negativos quando, não pela religião ou ideologia, em si mesmas, mas por procedimentos equivocados no meio social, uma invade o espaço da outra, manipulando suas características, com finalidade e intenções negativas.
         8.5 - Bom será finalizar demonstrando meios e estratégias para: (a) desenvolver a percepção de quando ocorrem tais aspectos negativos;  (b) evitar tais manipulações, denunciando e rejeitando quando ocorrem.

         Caros colegas: esperamos que tenha ficado mais claro a todos. Há espaço abaixo para comentários. Podemos também fazer por e-mail, para não saturar o nosso Whatsapp com muitos textos. Perguntem pelo zap, mas coloquem seu e-mail, para resposta.  Muito grato.

Comentários

  1. Bom dia a todos.
    Excelente iniciativa a construção desse espaço para democratizar os trabalhos resultantes da comissão de professores da SEE, sobre o ensino religioso.
    Pelo texto acima publicado, podemos dizer que todo o trabalho anteriormente acumulado em discussões e no esforço de poucos para a mudança sobre o ensino religioso está sendo contemplado, no sentido de se buscar mudar a arraigada visão confessional para uma visão mais ampla direcionada para o campo da filosofia e ciência.
    Ao meu vê essa é uma das formas correta para a instalação do processo que visa institucionalizar as ideias: utilizar a tecnologia, de forma orientada, a favor da democracia.

    Maria José Gomes Dantas
    Membro do Instituto Ecumênico Fé e Política do Estado do Acre

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